31 de ago. de 2009

Como só o amor consegue ser

Ela estava decidida a escrever a declaração de amor mais bonita que já havia existido. Fez uma seleção de músicas românticas e sentou-se em sua cadeira, disposta a levantar apenas quando terminasse o trabalho. Horas depois, já colecionava inúmeras tentativas frustradas. Estava cercada por papéis que, amassados em formato de bolinhas, preenchiam o chão do escritório.

Desapontada, ela respirou fundo e criou coragem para continuar, quando uma das músicas de sua seleção começou a tocar e a fez perceber: suas tentativas nunca se transformariam na declaração mais bonita que já havia existido. Porque ela já havia sido escrita.

“And if a double-decker bus crashes into us
To die by your side, such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck kills the both of us
To die by your side
Well the pleasure and the privilege is mine”

E então, ela desistiu. Porque jamais existiria declaração que deixasse de lado os clichês sem perder o romantismo quanto a que acabara de ouvir. Que soasse tão cruel e, ao mesmo tempo, tão sensível e fosse tão angustiante e tão bonita. Como só o amor consegue ser.

*Trecho da música There is a light that never goes out, The Smiths.

Um comentário:

André Toma disse...

Isso é Morrissey!
Adorei isso!